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Automação e Orquestração com SOAR no SOC

5 de agosto de 2024

Guia Técnico: Automação e Orquestração com SOAR no SOC

Introdução

Ameaças cibernéticas, cada vez mais sofisticadas e em número crescente. Isso torna essencial a adoção de ferramentas que automatizem e agilizem a resposta a incidentes de segurança. As plataformas de Security Orchestration, Automation, and Response (SOAR) se destacam como uma solução completa para essas necessidades, integrando processos, ferramentas e equipes em um fluxo unificado. Este guia aborda a implementação e configuração de uma plataforma SOAR para automação e orquestração no contexto de um Security Operations Center (SOC).

Imagem que ilustra o Splunk SOAR (anteriormente conhecido como Phantom).

1. O que é SOAR?

O SOAR é uma combinação de três componentes principais:

  • Orquestração: Integração de diversas ferramentas de segurança para executar ações coordenadas.
  • Automação: Execução de tarefas repetitivas sem intervenção humana, como análise de malware ou bloqueio de IPs.
  • Resposta: Fornecimento de playbooks padronizados para respostas rápidas e consistentes a incidentes.

Esses elementos tornam o SOAR uma ferramenta indispensável para otimizar a eficiência do SOC e reduzir o tempo de resposta a incidentes (MTTR – Mean Time to Repair).

A orquestração é especialmente útil para ambientes que utilizam múltiplas ferramentas de segurança, garantindo que elas trabalhem juntas de forma eficiente. A automação reduz a carga de trabalho manual e acelera o tempo de reação a incidentes, enquanto a resposta padronizada ajuda a manter consistência nas ações de mitigação, independentemente do nível de experiência dos analistas envolvidos.

2. Benefícios do SOAR

Antes de começar com a parte técnica, preciso detalhar os benefícios reais do SOAR, principalmente, para quem quer economizar tempo.

Automatização de Tarefas Repetitivas: Elimina a necessidade de intervenção manual em ações rotineiras. Tarefas como coleta de logs, análise inicial de ameaças e envio de notificações são automatizadas, permitindo que os analistas se concentrem em ameaças mais complexas.

Maior Visibilidade: Integra dados de diferentes fontes, como SIEM, firewalls e EDR. A consolidação dessas informações em uma única interface permite identificar rapidamente padrões de ataque que poderiam passar despercebidos em sistemas isolados.

Resposta Mais Rápida: Reduz o tempo de contenção de incidentes com playbooks automatizados. Um tempo de resposta mais rápido diminui o impacto de incidentes, como exfiltração de dados ou comprometimento de sistemas críticos.

Melhora da Consistência: Garante que todas as etapas de resposta sejam seguidas conforme padrões definidos. A utilização de playbooks pré-definidos evita variações nas respostas e reduz erros humanos.

Diminuição da Sobrecarga Operacional: Libera analistas para focar em tarefas estratégicas. Tendo tarefas repetitivas automatizadas, a equipe de segurança pode direcionar esforços para investigações proativas e análise de ameaças avançadas.

3. Escolhendo uma Plataforma SOAR

Escolher a melhor plataforma depende do ambiente e das ferramentas já em uso no SOC. Por exemplo, se sua infraestrutura já utiliza QRadar como SIEM principal, o QRadar SOAR pode oferecer uma integração mais direta. Já para equipes que buscam facilidade de uso, o Siemplify pode ser uma escolha mais prática.

Cada uma dessas plataformas possui características únicas que devem ser avaliadas considerando fatores como custo, complexidade de implementação e suporte a integrações nativas.

Algumas das principais plataformas SOAR incluem:

  • Palo Alto Cortex XSOAR: Oferece ampla integração e um mercado de playbooks pré-configurados.
  • Splunk Phantom: Forte em automação e integração com o SIEM Splunk.
  • IBM Security QRadar SOAR: Ideal para grandes ambientes com forte integração com QRadar.
  • Siemplify: Foco em gerência simplificada de casos e integração com múltiplas ferramentas.

4. Configuração de uma Plataforma SOAR

4.1. Instalação da Plataforma

A instalação pode variar dependendo da solução escolhida. Aqui estão exemplos para duas plataformas populares:

a) Palo Alto Cortex XSOAR

Requisitos de Sistema:

  • CPU: 4+ núcleos.
  • Memória: 16GB RAM.
  • Armazenamento: 500GB SSD.
  • SO: CentOS 7 ou RHEL 8.

Passos de Instalação:

sudo yum install epel-release -y 
sudo yum update -y wget https://downloads.paloaltonetworks.com/cortex/xsoar-installer.sh
chmod +x xsoar-installer.sh
sudo ./xsoar-installer.sh

Configuração Inicial:

  • Acesse o console web em https://<seu-servidor>:443
  • Configure o administrador e adicione as integrações desejadas.

b) Splunk Phantom

Requisitos de Sistema:

  • CPU: 8+ núcleos.
  • Memória: 16GB RAM.
  • Armazenamento: 1TB SSD.
  • SO: Ubuntu 20.04.

Passos de Instalação:

wget -O phantom-installer.tgz https://splunk.com/downloads/phantom tar -xvzf phantom-installer.tgz 
cd phantom
sudo ./install.sh

Configuração Inicial:

  • Acesse o portal em https://<seu-servidor>:8443
  • Complete o assistente de configuração.

4.2. Integração com Ferramentas de Segurança

Após a instalação, o próximo passo é integrar o SOAR com as ferramentas do ambiente:

  • SIEM: Integre com Splunk ou QRadar para receber eventos em tempo real.
  • EDR: Configure integrações com SentinelOne, CrowdStrike ou outras soluções de endpoint.
  • Firewall: Habilite bloqueios automatizados em soluções como Palo Alto ou Fortinet.
  • Threat Intelligence: Conecte fontes como VirusTotal e Recorded Future para enriquecer os dados.

Exemplo de configuração de integração no Cortex XSOAR:

sudo docker run -d -p 9000:9000 --name ti_integration cortex-ti:latest

5. Criando Playbooks de Resposta

Os playbooks são a essência do SOAR, automatizando tarefas e orquestrando respostas. Aqui está um exemplo de playbook para responder a um IP malicioso detectado:

Detecção: Receber um alerta do SIEM.

{   "source": "Splunk",   "event_type": "malicious_ip",   "ip": "192.168.1.1" }

Verificação de Reputação: Consultar fontes de Threat Intelligence:

curl -X GET "https://www.virustotal.com/api/v3/ip_addresses/192.168.1.1" \ -H "x-apikey: <sua-api-key>"

Bloqueio Automático: Adicionar o IP a uma lista de bloqueio no firewall:

sudo ufw deny from 192.168.1.1

Notificação: Enviar um alerta para a equipe:

import smtplib  server = smtplib.SMTP('smtp.seuservidor.com', 587) server.starttls() server.login('email@seuservidor.com', 'senha') message = "IP 192.168.1.1 bloqueado com sucesso!" server.sendmail('email@seuservidor.com', 'equipe@seuservidor.com', message) server.quit()

6. Monitoramento e Ajustes

Chegamos numa etapa extremamente importante. O monitoramento e os ajustes contínuos são essenciais para garantir que a plataforma SOAR opere com máxima eficiência.

Lembre-se, a automação precisa ser revisada e otimizada regularmente para refletir as novas ameaças emergentes e garantir que os processos estejam alinhados às melhores práticas de segurança.

6.1. Revisão de Playbooks

  • Avaliação Periódica: Os playbooks automatizados devem ser revisados constantemente para verificar sua eficácia na resposta a incidentes.
  • Aprimoramento Baseado em Dados: Utilize logs e métricas do SOAR para identificar gargalos e melhorar a eficiência das automações.
  • Simulações de Ataques: Testes regulares, como simulações de ataques cibernéticos, podem validar a robustez dos playbooks e indicar áreas de melhoria.

6.2. Acompanhamento de Métricas

  • Tempo Médio de Resposta (MTTR): Um dos principais indicadores de desempenho, monitorar o MTTR ajuda a medir a velocidade da resposta automatizada a incidentes.
  • Taxa de Falsos Positivos: Ajuste as regras e os playbooks para minimizar alertas falsos e reduzir a carga de trabalho dos analistas.
  • Eficiência da Automação: Analise quantos incidentes foram resolvidos automaticamente sem intervenção humana, e onde a automação pode ser aprimorada.

6.3. Testes Regulares

  • Testes de Resiliência: Simulações de incidentes devem ser realizadas para garantir que os processos de resposta estejam funcionando corretamente.
  • Análise de Casos Reais: Revise logs de incidentes reais tratados pela automação para identificar padrões de falhas ou melhorias.
  • Auditorias de Segurança: Implementação de auditorias periódicas para garantir que as integrações entre sistemas estejam seguras e funcionando conforme esperado.

A manutenção contínua da plataforma SOAR garante que a automação permaneça eficiente e adaptável às mudanças do cenário de segurança cibernética, minimizando riscos e otimizando os processos de resposta a incidentes.

Conclusão

A implementação de uma plataforma SOAR no SOC é essencial para enfrentar o crescente volume de ameaças cibernéticas. Ao integrar ferramentas, automatizar tarefas e padronizar respostas, as organizações podem alcançar maior eficiência e segurança. Seguindo este guia, você estará preparado para configurar e operar uma solução SOAR robusta e eficaz. De toda forma, caso surja alguma dúvida, entre em contato comigo.

Referência

Splunk SOAR: https://www.splunk.com/en_us/products/splunk-security-orchestration-and-automation.html

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